sexta-feira, 16 de março de 2018

Entre a paixão e o romantismo

Na paixão há a força trágica, o tudo ou nada, vida ou morte.
No romantismo, o apaziguamento está no modelo "felizes para sempre". Mas o ideal nunca se atinge, é próprio do mundo das ideias e essas só existem além do sublime.
Se a paixão se desvia para o romantismo, esse caminho só vale pelo medo de perder o objeto da paixão, que pela lógica, já se foi.
Depois do encontro da plenitude no Outro, se não houver um fim, segue-se na imortalidade romântica, passiva, insatisfeita, mas cheia de esperança de um dia ter a paixão de volta.
Romeu e Julieta, Ilsa e Rick, etc, etc...ilustram a paixão. No fim, eles só podem morrer, ou se despedir. 
Arte se faz com paixão. Decepciona o espectador. Se consegue isso, foi por ter fascinado e encantado. Antes, ousou romper o infinito silencioso da espera pelo fim. A arte aposta no fim, pra permitir um espaço para um novo começo, sem esperança, mas com paixão. 
O pior nem sempre está na morte, como nosso momento atual nos faz crer, está na impossibilidade de morrer ou morrer de amor.

“Todo desejo é um desejo de morte” - possível máxima japonesa

Simone de Paula - 06/3/2018

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