sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A matemática do amor

Sim, poderia começar falando do um mais um igual a dois, que pelo amor almejam voltar ao um, e diante da impossibilidade de tal operação, inventam um pra compartilhar, se tornando assim três, mas só depois percebendo que o três exige muito mais articulações. 
Mas acho que a coisa pode ser mais complexa do que isso. Mais do que os números que dão uma imagem consistente aos sujeitos flechados pelo cupido, a questão é a das letras que tentam substituir aquilo que é indizível nesses sujeitos e suas modulações.
No começo a coisa é fácil, uma equação básica em que um se porta de x e outro se porta de y. Mas ocorre que x, mesmo tento se escolhido assim, quer experimentar ser y, ou melhor, carrega um y em si mesmo e parece precisar mostrar em certa medida essa condição. X = Y. Furo na equação básica. Chega a hora de buscar mais termos para tentar dar um jeito nessa conta complexa. De um lado, precisamos montar uma fórmula que representa a lógica de um. Mas por outro, precisamos montar uma outra fórmula compatível, que estruture a lógica do outro. E por fim, tentar juntar as fórmulas organizando-as de maneira a poderem se complementar para chegar a um resultado exato. X + Y - Z = 1. Mas como é difícil montar a lógica dessa operação! Nem todos os elementos aparecem de primeira. E, cada organização das letras, para que elas respondam a um comando exato, traduzam um efeito preciso, um novo elemento imprevisto aparece. 
Existem concursos que pagam muito a algum gênio que consiga solucionar problemas matemáticos ainda não resolvidos. Dias, noites, cálculos, sangue, suor e lágrimas. E mais, xingamentos, corpos exaustos, um tanto de obsessão. Tudo isso na mais completa solidão poderiam dar conta do recado. Em conjunto, conta, soma e multiplica, mas deixando um resto para mostrar que não é dando tudo de si que se encontra o todo. O êxtase estaria na própria solução do problema. Ou na dissolução da questão. As operações compreendem tantas nomenclaturas, cada uma fazendo funcionar uma parte da fórmula, acreditando que uma hora se chega a um fim. Essa é uma verdade, o exercício de solucionar um problema que nem estava descrito assim no primeiro encontro, infalivelmente chega a um fim quando se encontra o x da questão. X + Y = 0

Simone de Paula -16/2/2018


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