sexta-feira, 6 de outubro de 2017

No meu choro só tem mim

Eu chorei demais aquele dia. Chovia.
Sai de casa animada, adiantada, pensando que uma resposta eu poderia obter. Esperei muitos minutos e fui avaliada em menos da metade do tempo da espera. A notícia não foi boa, nem ruim, mas simplesmente cifras bem notadas do meu espectro corporal. Meu organismo estava ali, mapeado, sem nenhum traço de mim nele. Mentira, era exatamente mim. 
Há meses, anos, venho provando que digo a verdade. Inclusive, nos encontros breves, tenho que ser muito incisiva para poder ser ouvida naquilo que sei expressar. Parece que não entendem como eu posso dizer a verdade, e ainda assim, furar os sistemas tão bem desenvolvidos das ciências humanas, e exatas.
Sai de lá e chorei, muito. Não pelo resultado e ao mesmo tempo, totalmente pelo resultado. Era impossível repetir tantas vezes a mesma coisa. Mentira, era possível, eu estava fazendo aquilo.
Naquele momento, tão perto de você, senti sua falta. Queria poder dizer o quanto aquilo era desastroso em mim e chorar, no seu colo, no seu ombro, para você entender que mais do que saber que digo a verdade, coisa que você parece já ter entendido, ainda assim pudesse saber o quanto essa verdade dói em mim.  Mas você não estava lá. Eu só podia chorar e esperar.
O que faço não sei, só choro e observo para poder dizer as verdades sobre mim aos que pouco querem ouvir sobre essas verdades, que derrubam as certezas e convicções que carregam por trás dos seus semblantes rígidos de saber.
Não quero uma receita cheia de remédios, quero beijinhos no lugar das pastilhinhas, eles funcionam melhor em mim. Isso é verdade.


Simone de Paula - 05/10/17

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