terça-feira, 7 de junho de 2016

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Hoje acordei esvaziada e a caminho da análise pensei não ter o que falar. Depois de muito tempo em análise, você percebe que é assim mesmo: há dias em que você não tem o que falar, outros você não quer falar... em alguns você sabe exatamente o que precisa esconder de você mesma e em outros você fala tanto que sai de lá cansada. Esse exercício de ir para análise, mesmo depois de tanto tempo, me ensina muito do que é viver, do que é seguir.
Enfim, hoje era o dia de não ter nada para falar. E depois de algumas constatações a respeito da minha precoce saída da casa dos meus pais, da minha relação com a comida e do meu jeito de me organizar e criar, acabei nas cidades que morei até hoje. 
Comecei a narrar as cidades que morei e depois de narrar o período que fiquei em cada uma, do que acho que tenho de cada experiência e da tristeza que me dá em perceber que a cidade que mais tempo fiquei é a que menos me representa hoje, percebi que pulei a cidade que nasci. Nossa, pulei a cidade que nasci, depois de uma risada, pensei: "ah, é porque só nasci lá, fui embora muito pequena e nunca voltei". Mas, logo depois da explicação pensei: "nossa, não tenho nenhuma lembrança do lugar que nasci". Ela não virou um lugar para mim. É apenas uma cidade. Talvez, por isso que dar adeus seja um desejo constante, sem ponto de partida o que nos resta é olhar para frente.

Carla 07/06/2016

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