sexta-feira, 15 de abril de 2016

Bastou um telefonema

Quando o telefone tocou, número desconhecido, atendi sem nenhuma expectativa. Do outro lado, uma voz conhecida me saudava de forma pouco usual. Cinco minutos depois, desliguei sem entender direito o que tinha acontecido. A sensação era de satisfação, nada ficou por dizer e nem por ouvir. Nada que queria ter escutado faltou. Não tinha esperado e isso foi altamente eficiente.
Um ato de cinco minutos, um estado de suspensão de um dia, um entendimento de uma vida inteira.
Pela primeira vez me senti livre para falar. Falei o que quis, sem censura, sem pensar antes, sem considerar intenções ou reações, hora ou lugar certo. Não me sentia invadindo território nenhum, mas ocupando o meu espaço.Decidi que a partir dali eu falaria o que tivesse vontade, pois pouco me importava o que o outro lado pensava disso.
A maior liberdade que uma mulher pode ter diante de um homem é poder falar o que quiser, sem medir, sem pensar, sem pedir permissão. A repressão ainda está aí, ali, na medida da fala. O que importa não é o que se diz, mas poder dizer, como um fluxo pulsional, sem importância com o 'o quê', mas sim com o 'como'.
Essa não é uma história de amor. Nem é uma história. Simplesmente é uma observação de que seja o que for, e como for, está tudo certo, desde que do outro lado não exista um muro, mas um corpo.
Ouvi um miado? Tem um gato aí?  hahahaha

Simone de Paula - 15/04/2016






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