terça-feira, 29 de março de 2016

Como contar - parte dois

(...) Estava sozinha quando decidi viajar e não avisar ninguém. Já me sentia sozinha há algum tempo e não tinha porque compartilhar isso com alguém. E, também, gostei da aventura de comprar uma passagem, arrumar as malas e ir.

A escolha pelo lugar se deu pelo tamanho do tédio que ultimamente me acompanhava. Fui para um país onde minhas fantasias já tinham me levando algumas vezes. Aliás, se existe uma coisa que sempre me ocupou, desde a infância, foram minhas fantasias. Escolhia um canto da casa e ali inventava todas as outras vidas que teria quando fosse adulta. Não imaginava o quanto isso determinaria a mulher que viria a ser. A mulher adulta que compra uma passagem, não avisa ninguém e vai. Vai em busca de uma outra vida, com menos tédio, assim esperava.

Nunca imaginei que seria perigoso ou que estaria dando um telefonema como esse, para avisar onde estava e contar que estava com problemas. Como iria imaginar que tudo iria pelos ares? Enfim, aquilo que teria começando apenas como um símbolo de independência e liberdade, terminou em algo extremamente estúpido. E o que me restava era um telefonema de quinze minutos para explicar algo que aconteceu em segundos e que mudaria tudo.

Ainda continua na próxima terça...

Carla - 29/03/2016

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